Sobre a Fazenda

Foi no fim de 2017 que Catarina teve sorte grande quando arriscou tudo começando a trabalhar na Fazenda São Sebastião, adquirida pelo pai em 2012. Professora e aspirante à psicanalista, Catarina acredita que as habilidades que desenvolveu enquanto profissional da educação e da psicologia foram fundamentais para desenvolver um trabalho humanista e respeitoso na fazenda.

Não é surpresa que trabalhar com café é um aprendizado diário. E, para ajudar nessa missão, Marcos, esposo da Catarina, deixou para trás a carreira de Designer, na qual se dedicou durante 10 anos para apostar nos cafés especiais junto com a sua esposa. Juntos, eles fazem um trabalho minucioso em relação à qualidade do café desde 2018.

O casal começou fazendo o mapeamento de qualidade e depois focaram nas especificações em relação ao pós-colheita e assim, foram melhorando a média da qualidade do café especial. Hoje, os cafés mais bem pontuados da fazenda são resultado de fermentações feitas na caverna, fruto de todo estudo e vontade de fazer acontecer da família.

Quando começou a trabalhar com cafés na fazenda do pai, Catarina não entendia nada sobre o assunto. Seguindo a orientação dele de se especializar antes de realmente se envolver na área foi que ela se interessou pelo processo de fermentação do café. Nesse contexto, o apoio do pai foi indispensável e, foi assistindo um vídeo da Colômbia onde os barris e tonéis de café eram colocados embaixo d'água que o casal deu o primeiro passo rumo à fermentação do café, sem nem saber: a curiosidade em relação ao processo chamou atenção e eles descobriram que tudo aquilo era feito para controlar a temperatura ambiente - que o ideal é ser mais fria. Foi aí que o sr. Thomás resolveu criar a caverna.

Localizada na divisa do Sul de Minas com a Mantiqueira de Minas, a Fazenda São Sebastião é um exemplo de sustentabilidade. A caverna não possui regulagem artificial de temperatura. Ela foi feita debaixo de uma terra fria, que é exatamente o que mantém o seu interior na temperatura perfeita para a fermentação amena do café - em torno de 18°C estável. De acordo com Marcos, eles descobriram uma ferramenta poderosíssima para melhorar os atributos da fruta.

A fazenda tem 600 hectares de vegetação nativa, 34 nascentes - que possuem um programa de regeneração do solo em torno delas - e ainda conta com lindas cachoeiras. Além disso, ao longo dos anos eles vem diminuindo o uso de defensivos, possuem monitoramento de pragas e doenças na prática, usam produtos biológicos na lavoura e trabalham para a implantação do projeto Carbono Zero. A relação com a natureza é verdadeira e séria, afinal, como o Marcos diz, não se preocupar com a questão ambiental é o mesmo de retroceder.

Marcos brinca que São Thomé das Letras não tem só cogumelo e Ventania, tem café especial também! E o diferencial se dá pelo fato da fazenda ficar no pé da serra, nas montanhas da Mantiqueira, uma região montanhosa e ao mesmo tempo plana, com um solo diferente, rico em minérios que podem contribuir nas características gerais do café.

O legado que Catarina e o marido querem deixar é o compartilhamento de conhecimento. Para eles, as pessoas são o bem mais importante e valioso que eles têm. A fazenda, além de sustentável e ecológica, é um espaço de trocas e ensinamentos para qualquer um que queira conhecê-la.

Sobre o café

Cultivado a 1400m de altitude e da variedade topázio, o Magia Oriental faz jus ao nome e te deixa encantado. Com a presença do gosto básico umami e acompanhado das notas aromáticas de pimentão vermelho assado, pimenta gode, maçã verde, pêra, uva branca e leve vinagre balsâmico, o resultado não poderia ser diferente: um sabor surpreendente. Na fragrância e aroma possui notas de calda de abacaxi, uva, pimentão vermelho assado e amora que literalmente enfeitiça só de sentir o cheiro.

Tem corpo denso, acidez complexa málica e cítrica, finalização complexa. Um café diferentão, com 87 pontos no protocolo SCA.